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Estratégias para Adaptação Climática: estudo do Euroclima+ é lançado pelo CIOESTE com foco em inundações, secas e soluções sustentáveis
Por Cioeste - 30 de Abril de 2025
Com dados inéditos, soluções aplicáveis e base científica internacional, o CIOESTE lança um dos estudos mais completos já produzidos sobre adaptação climática no Brasil.
Na tarde de 29 de abril de 2025, o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo (CIOESTE) realizou o lançamento do estudo “Estratégias para Adaptação Climática”, desenvolvido em parceria com o programa Euroclima+, uma iniciativa da União Europeia voltada à promoção de políticas públicas climáticas sustentáveis na América Latina.
O estudo representa um marco para os municípios da região na preparação e enfrentamento das chamadas urgências climáticas, como inundações e secas. A iniciativa foi viabilizada por meio de cooperação internacional iniciada em 2021 e contou com articulação técnica do CIOESTE junto às Câmaras Técnicas e parceiros globais.
Abertura com foco na cooperação e na relevância regional
A abertura do evento foi feita pelo secretário-geral do CIOESTE, Jorge Lapas, que parabenizou a equipe técnica e destacou a importância do estudo para a região e para o Brasil. Em sua fala, Lapas defendeu a atuação consorciada como caminho para o fortalecimento de políticas públicas locais:
“Temos uma boa equipe técnica, os grupos de trabalho e as câmaras técnicas, que podem construir políticas em conjunto para as cidades, muitas vezes aproximando a região de recursos estaduais e federais. E, nesse caso do Euroclima, o CIOESTE possibilitou a vinda de recursos internacionais.”
Ele também mencionou a liderança do prefeito Guto Issa, presidente do consórcio, e sua preocupação com o meio ambiente.
Emergência climática como realidade
A primeira apresentação técnica foi conduzida por Giovana Idalgo, coordenadora do Comitê Técnico de Meio Ambiente do CIOESTE, que fez um panorama das estratégias de adaptação climática. Ela enfatizou que os efeitos das mudanças no clima já são sentidos atualmente:
“As mudanças climáticas não são um problema do futuro, nem sequer do presente – são uma emergência que já vivemos hoje, nas secas, enchentes, chuvas, ventos e no aumento da temperatura.”
Ela explicou que, em 2023, o aquecimento global já atingiu 1,48ºC acima dos níveis pré-industriais, quase atingindo o limite de 1,5ºC estabelecido na COP21, em Paris. Em 2024, esse número subiu para 1,6ºC, superando a meta. Giovana alertou que, ao ultrapassar os 2ºC, os impactos se tornam mais difíceis de reverter.
Ela também reforçou que nenhuma cidade, sozinha, tem estrutura para enfrentar a crise climática, destacando o papel do CIOESTE como o maior consórcio intermunicipal do país.
“Estar à frente dessa pauta é essencial para que possamos nos antecipar às consequências.”
Ela finalizou citando o secretário-geral da ONU, António Guterres:
“A humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer.”
Panorama geral e entregas do estudo
Em seguida, Beatriz Sanches, chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Alimentar e Sustentabilidade de Osasco, apresentou o panorama geral do estudo, que foi coordenado ao longo de dois anos pela Câmara Técnica de Meio Ambiente do consórcio. A iniciativa teve apoio técnico das empresas DHI (Instituto Hidrológico da Dinamarca) e Mayane (França), com financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento.
Beatriz explicou que o estudo foi aplicado a áreas-piloto selecionadas dentro do território coberto pelo CIOESTE para modelagem de risco de inundação por escoamento superficial. Essas áreas foram:
• Jardim Mutinga, entre Osasco e Barueri;
• Km 21, entre Osasco e Carapicuíba;
• Bairro do Guaçu, em São Roque.
Esses territórios, juntamente com a cidade de Córdoba, na Argentina, foram utilizados como base para o desenvolvimento de soluções sustentáveis e replicáveis.
Entre os principais problemas enfrentados nas áreas analisadas estão o transbordamento de córregos, inundações de infraestrutura viária e habitacional, e deslizamentos de terra.
O estudo gerou diversos produtos técnicos que foram entregues no evento e estão disponíveis para download gratuito aqui no site do CIOESTE. Entre eles estão:
• Plano de gerenciamento de risco e inundações, com projetos de engenharia hidráulica e urbanística;
• Diagnóstico de vulnerabilidade de edifícios públicos;
• Manual técnico para Defesa Civil;
• Análises de risco de seca com modelos de gestão e sugestões de boas práticas;
• Guia prático para gestão de água e estratégias de comunicação em caso de colapso hídrico.
Beatriz destacou que os conteúdos permitem a aplicação imediata pelos gestores municipais, e que o material também serve como base para a replicação da metodologia em outros municípios, inclusive fora do consórcio.
“Hoje já temos as metodologias, acesso aos softwares utilizados, domínio da técnica e o termo de referência. Podemos replicar esse estudo em outros territórios.”
Ela reforçou a importância da infraestrutura verde e da permeabilidade urbana:
“O nível de detalhes que temos aqui já permite que as prefeituras coloquem em prática projetos que aliam engenharia com soluções baseadas na natureza. A recolocação de áreas verdes contribui com os canais de drenagem já existentes, que estão muito sobrecarregados.”
Conexão com a gestão das águas e a preparação para emergências
O geólogo Felipe Rocha, gerente de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente de Osasco, ressaltou que o estudo também contribui para fortalecer a atuação municipal nas políticas públicas já existentes no Brasil.
“Temos uma política muito avançada de recursos hídricos, com comitês de bacia que integram sociedade civil, Estado e municípios. Mas os municípios ainda precisam se apropriar mais disso.”
Ele destacou ainda que o material traz orientações para atuação pós-emergência, delineando o papel de diferentes agentes, especialmente a Defesa Civil.
Aplicações práticas nos municípios
O urbanista Efraim Silva, chefe da Divisão de Urbanismo de São Roque e coordenador do Comitê Técnico de Obras e Habitação do CIOESTE, mostrou como o município já está aplicando conceitos do estudo, mesmo fora das áreas diretamente analisadas.
Em parceria com a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo, São Roque está aplicando conceitos do Euroclima+ no programa Bairro Paulista, em uma bacia que deságua no Rio Guaçu.
“O estudo oferece ferramentas concretas. Cabe aos gestores colocarem isso em prática e buscarem soluções que reduzam os impactos climáticos.”
Fortalecimento da Defesa Civil
Patrícia Nunes, da Defesa Civil de Carapicuíba, apresentou o diagnóstico de resiliência municipal, um dos produtos do estudo. Ela destacou que essa é a primeira vez que o município tem acesso a um volume tão grande de dados e suporte técnico:
“É a primeira vez que estamos tendo acesso a tantas ferramentas e a tantos profissionais para nos aconselhar e orientar.”
Ela explicou que o estudo reforça a atuação da Defesa Civil nos eixos de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, e que a prevenção deve ser prioridade. Segundo ela, a prevenção é construída com:
1. Planejamento urbano eficaz;
2. Ordenamento territorial;
3. Investimento em infraestrutura adequada.
Riscos de seca e segurança hídrica
A última fala técnica foi da gestora ambiental Gleyce Fernandes, da Secretaria de Meio Ambiente de Araçariguama. Ela tratou da análise de riscos de seca, especialmente nos municípios que fazem a captação de água dentro do próprio território, como Araçariguama e São Roque.
Ela lembrou que as secas são desastres de evolução lenta, mas com impactos severos, e que exigem pesquisa, monitoramento, proteção de nascentes e matas ciliares, além de ações para reduzir perdas no processo de abastecimento.
“Quanto pior a qualidade da água, maior será o custo de tratamento. Precisamos pensar na proteção das fontes e em estratégias para garantir abastecimento no futuro.”
Gleyce destacou ainda que o material entregue inclui um guia prático para gestão de água e orientações específicas para Secretarias de Comunicação, com estratégias em caso de colapso hídrico — desde o alerta à população até as ações necessárias enquanto o fornecimento não é restabelecido.
Acesse os materiais
Todo o conteúdo gerado pelo estudo, incluindo planos, diagnósticos, manuais e guias práticos, está disponível gratuitamente aqui no site do CIOESTE. O acesso é aberto a gestores públicos, técnicos, universidades, organizações da sociedade civil e cidadãos interessados em aprofundar a discussão sobre resiliência climática e soluções sustentáveis.
Clique aqui para acessar os materiais do estudo Euroclima+
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